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Uma nova maneira de ver o dinheiro e a felicidade

  • Foto do escritor: Selfhub
    Selfhub
  • 22 de set. de 2024
  • 4 min de leitura

Atualizado: 23 de set. de 2024

dinheiro

Uma nova pesquisa em vilarejos rurais, predominantemente indígenas, desafia a suposição de que quanto mais dinheiro você tem, mais feliz você é.


Há décadas, os cientistas tentam descobrir qual o papel da riqueza em nossa satisfação com a vida. Enquanto alguns estudos apontam que o dinheiro não compra felicidade (pelo menos não além de certo ponto de renda), outros sugerem que o dinheiro desempenha um papel muito mais significativo.


Países mais ricos parecem mais felizes no geral, e os cidadãos desses países desfrutam de maior bem-estar à medida que sua renda aumenta.


Mas um novo estudo traz uma nova perspectiva para essa conversa. Estudos anteriores têm focado em pessoas de países mais ricos, ocidentais e urbanizados.


Este novo estudo analisou aqueles que vivem em pequenas comunidades rurais que dependem da natureza para sua subsistência, com pouca ou nenhuma renda monetária.


Algumas dessas comunidades são indígenas; a maioria está localizada na África, América do Sul e Ásia. Seus resultados oferecem novas percepções sobre a relação entre dinheiro e felicidade.


Comunidades menores, maior felicidade


Como parte de um estudo maior sobre os efeitos das mudanças climáticas, os pesquisadores entrevistaram quase 3.000 pessoas em 19 pequenas comunidades ao redor do mundo sobre o quão satisfeitas estavam com suas vidas, em uma escala de 0 a 10.


Como as comunidades estudadas não tinham economias baseadas em dinheiro ou sistemas formais de registro, a renda familiar foi estimada a partir do valor de mercado dos bens que teriam sido comprados com dinheiro, quando disponível.


Ao analisar os resultados, os pesquisadores encontraram uma ampla variação na satisfação com a vida entre os indivíduos — mas os padrões eram bem diferentes de estudos semelhantes em outras partes do mundo.


Embora os indígenas com maior renda pessoal fossem ligeiramente mais satisfeitos com a vida do que aqueles com menos renda, no geral, eles eram muito mais felizes do que seus equivalentes ocidentais, mesmo com rendas muito baixas.


Na verdade, as pessoas que vivem nessas sociedades em pequena escala relataram uma média de 6,8 em 10, embora a maioria vivesse com menos de US$ 1.000 por ano.


Esses resultados são bem diferentes dos encontrados em pesquisas como a Gallup Poll ou a World Values Survey, que examinam como a renda afeta a satisfação com a vida.


Por exemplo, as pessoas na Gallup Poll não relataram esses níveis de felicidade até atingirem uma renda de US$ 25.000. Para o autor do estudo, Eric Galbraith, isso sugere que a renda não está necessariamente vinculada à felicidade para todos, e que essas pesquisas podem estar errando o alvo.


“Basicamente, essas sociedades de pequena escala mostram que existem maneiras poderosas de alcançar a satisfação com a vida que não são aparentes ao se olhar apenas para as sociedades industrializadas”, ele diz.


Curiosamente, morar em uma vila específica influenciava a satisfação com a vida — algumas vilas tendiam a ter pessoas mais felizes do que outras. No entanto, a diferença não estava relacionada à renda geral da comunidade, diferentemente do que parece ser o caso em países ocidentais e até em países menores, não ocidentais ao redor do mundo.


Isso pode parecer contraintuitivo, dado o vínculo entre riqueza individual e felicidade entre os moradores. Isso provavelmente ocorre porque a conexão com a renda é tão fraca que outros fatores predominam, diz Galbraith.


Ele especula que as diferenças nos níveis de felicidade entre as vilas provavelmente se devem a outros fatores não econômicos associados à vida nessas comunidades — como sentir-se mais conectado à natureza, viver em uma comunidade mais interdependente, não haver muita desigualdade de riqueza ou não enfrentar problemas sociais, como os que você poderia encontrar em uma sociedade mais industrializada, como o vício em drogas.


Mais do que dinheiro


Embora não possamos saber ao certo por que as pessoas nessas comunidades relatam estar tão satisfeitas com a vida, devemos prestar atenção a esses achados, diz Galbraith.


Por um lado, ele afirma, os pesquisadores não têm incluído as visões dos povos indígenas em relatórios globais de felicidade; assim, esses relatórios (como o Gallup e o World Values Survey) podem estar inclinados a encontrar uma relação mais forte entre renda e bem-estar do que seria justificado.


Além disso, os governos podem estar criando políticas destinadas a aumentar a renda dos cidadãos para melhorar a satisfação com a vida sem considerar outros fatores importantes para a felicidade de suas comunidades.


Independentemente do que explica a alta satisfação nessas comunidades, ainda podemos aprender com seu exemplo. Uma possível lição é que devemos questionar a suposição de que maior renda leva a maior felicidade, diz Galbraith.


Talvez devêssemos perceber que viver em um mundo baseado no consumo e repleto de propagandas está nos fazendo pensar que precisamos de mais dinheiro do que temos, criando um desejo por algo irrelevante para nosso bem-estar.


Em vez disso, talvez devêssemos prestar mais atenção a outras descobertas da ciência da felicidade para entender o que realmente faz uma vida boa, diz Galbraith — seja estar em maior conexão com a natureza, fortalecer nossos laços sociais ou eliminar as desigualdades entre nós.


“O fato de que pessoas ricas tendem a estar mais satisfeitas com suas vidas pode fazer parecer que ter muito dinheiro é o caminho mais claro para a felicidade”, diz Galbraith. “Mas as coisas que realmente fazem as pessoas felizes não precisam custar dinheiro. Realmente existem outras maneiras de alcançar uma vida satisfatória.”

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