Três maneiras de lidar com o medo
- Selfhub
- 30 de jan.
- 2 min de leitura
Em um voo tranquilo a 35 mil pés de altitude, uma simples mensagem do piloto anunciando condições climáticas adversas transformou minha calma em um turbilhão de ansiedade.

O tom de urgência na voz do capitão e os movimentos rápidos da tripulação dispararam um alarme interno, ativando um verdadeiro gatilho de medo.
Curiosamente, apesar da ansiedade avassaladora, nenhuma turbulência ocorreu, e o voo seguiu tranquilo.
Essa experiência ilustra um fenômeno comum: a diferença entre dor e sofrimento. A dor está no que realmente ocorre no presente, enquanto o sofrimento é gerado pelas narrativas, antecipações e resistências criadas por nossas mentes.
O poder da antecipação
Quantas vezes sofremos por medo de algo que sequer acontece? Ou que, mesmo quando acontece, é menos devastador do que imaginávamos? Esse hábito mental é uma das maiores fontes de sofrimento humano.
As práticas de mindfulness oferecem uma ferramenta poderosa para lidar com isso. Estudos mostram que pessoas treinadas em meditação conseguem processar a dor física e emocional com mais leveza.
Em experimentos, meditadores expostos à dor relataram menor intensidade e

incômodo, devido à diminuição da atividade cerebral nas áreas associadas à antecipação e ao julgamento.
Mas como aplicar isso em situações do dia a dia, como uma apresentação de trabalho ou o receio de um evento futuro?
Três passos para enfrentar a ansiedade antecipatória
1. Diferencie o que é real do que é imaginado
Comece perguntando: O que está realmente acontecendo agora? Escreva em duas colunas: na primeira, o que é fato; na segunda, o que sua mente está imaginando.
Por exemplo:
Fato: “Tenho uma apresentação importante e estou nervoso.”
Imaginação: “Vou errar, passar vergonha e as pessoas vão me julgar.”
Olhar para essas colunas com distanciamento permite reconhecer o que é tangível e o que é um construto mental. Essa clareza ajuda a transformar uma tempestade mental em algo mais administrável.
2. Enfrente o presente com ações habilidosas
Se a dificuldade é real, pergunte: O que posso fazer para aliviar minha dor? Em alguns casos, ações práticas são úteis, como treinar mais para uma apresentação ou buscar apoio de um amigo.
Para situações que fogem ao controle, a aceitação se torna essencial. Aceitar não significa gostar da situação, mas liberar a energia gasta em lutar contra o inevitável. Reconheça suas emoções com gentileza e lembre-se: não é possível controlar tudo.
3. Observe a mente criando dificuldades
Quando o sofrimento é gerado por cenários imaginários, reconheça essa tendência. Um medo como “vou falhar” pode ser reavaliado como “estou ansioso e isso é natural”. Separar os construtos mentais da experiência real reduz o peso da ansiedade e torna as emoções mais manejáveis.
No caso do voo, minha mente reagiu à possibilidade de turbulência, não ao momento presente. Ao perceber isso, usei técnicas para me acalmar, como música de meditação e respiração profunda. Aceitar a falta de controle ajudou a aliviar a ansiedade.
A importância da consciência no presente para enfrentar o medo
Ao diferenciar fatos de narrativas, enfrentamos a vida com mais clareza. A ansiedade pode persistir, mas sua intensidade é reduzida quando nos conectamos ao que está realmente presente.
Afinal, a tempestade mental só ganha força quando alimentada por nossas histórias internas.
Seja no céu ou no dia a dia, essa prática pode trazer mais serenidade e ajudar a enfrentar o que antes parecia insuportável.
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